quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Entrevista com o Professor Dr. Ricardo Augusto Felício


Ricardo Felício é bacharel e mestre em meteorologia, pela Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), respectivamente, com pesquisas desenvolvidas na Antártida, onde já esteve por duas temporadas. É doutor em climatologia pela USP, onde atualmente é Professor.

Segue abaixo entrevista realizada com o Professor Ricardo Felício para o Blog Geógrafos, e em seguida um vídeo com entrevista realizada no programa do Jô.


P: Quais são os argumentos científicos utilizados para desmascarar o aquecimento global antropogênico?

Resp.: Primeiramente porque os que fazem a afirmação da coisa não trazem a evidência de que o Homem causou isto. Suas hipóteses não se confirmam, principalmente com os valores observados atualmente dos registros de dióxido de carbono e das temperaturas. Quanto fenômeno natural, o tal aquecimento, que foi extremamente suave, já era previsto de acontecer desde a década de 1970, anos em geral que se apresentaram mais frios, perdurando até o final do século XX. De fato, desde 1998 as temperaturas já indicam arrefecimento, daí a tentativa de “esconder o declínio”, fato registrado no famoso escândalo científico “climategate”. Assim, deverão apresentar, também de forma geral, declínio até aproximadamente a década 2020‑2030, se seguirem os padrões observados no último século.

P: Por que você acha que a questão ganhou tanta ênfase e o número de cientistas que defendem a necessidade de descarbonizar o planeta é maior do que aqueles que o descartam? Num artigo recente publicado pelo Wall Street Journal 16 cientistas dizem que o aquecimento global não existe. Já em outro publicado pela Revista Science, 255 cientistas assinam o artigo que defendem a necessidade de conter o aquecimento global.

Resp.: Na verdade este número de cientistas nunca foi comprovado, principalmente do lado do IPCC, onde a maior parte dos chamados cientistas são na verdade ongueiros, burocratas e pesquisadores de outras áreas, com quase nada de participação em climatologia. De fato, o número de cientistas não é importante, como diria Albert Einstein e Ivar Giaever, cientistas premiados com o Nobel de Física (e não da Paz, como os auto-titulados co-laureados do IPCC e Al Gore). O importante é se os cientistas estão certos. Evocar o princípio da precaução alegando que devemos agir sem plena certeza científica faz com que esta história se torne religião. Se tivermos certeza, agimos, mas se não tivermos, agimos também? Então para quê ciência se todas as decisões já foram tomadas? Enfim, a descarbonização é a atitude mais tola que a humanidade está prestes a tomar, pois o carbono não controla o clima da Terra, sendo então uma ação extremamente cara, infrutífera e no final das contas não resultará em nada. Criar-se-á uma burocracia inútil que só reverterá prejuízos para a humanidade como um todo, especificamente para os países que têm mais necessidades de desenvolvimento. Ressalta-se ainda que acreditar que as mãos humanas conseguem controlar os fluxos de massa e energia planetários só pode ser mesmo um ato de fé.

P: Como o gás carbônico atua na nossa atmosfera?  Qual é seu papel para a existência da vida? Como ele é produzido?

Resp.: Na atmosfera ele se concentra na proporção de 0,033% (supostamente evocam que ele chegou a 0,038%). É um gás traço essencial para a vida na Terra, pois é utilizado pelas plantas e principalmente dentro dos oceanos, na zona fótica, pelo fitoplâncton para a realização da fotossíntese. A esmagadora proporção de dióxido de carbono vem dos oceanos, em primeiro plano. Se eles se apresentarem mais aquecidos, como observado nos últimos 60 anos, excetuando-se os últimos cinco, eles liberarão mais para a atmosfera, pois a solubilidade do gás é inversamente proporcional a sua temperatura. A seguir, temos os vulcões, que todo ano dão uma contribuição significativa. Uma erupção grande é equivalente a toda emissão humana de um ano. Temos cerca de 550 vulcões ativos na Terra. Quanto à emissão dos pobres humanos e toda a sua colossal atividade, esta é menor que a emitida pelo insetos existentes no planeta.

P: Como você explica que a Camada de Ozônio não existe? Como ela pôde ser inventada?

Resp.: O conceito de “camada” é reducionista de algo que é mais complexo e intrincado. Aconteceu que passou o tempo e a coisa virou uma entidade. Não existe tal camada. O que existe é a chamada ozonosfera, parte da baixa estratosfera, onde a probabilidade da existência de gás ozônio é maior, dada certas condições particulares. Assim, o ozônio se apresenta como nuvens ozônicas, e não como camada, as quais permanecem nesta faixa da atmosfera onde a pressão é muito baixa (de 50 a 10mb, quando na superfície, ao Nível Médio do Mar, ela é considerada com 1013,25mb). Nem mesmo o próprio Gordon Dobson dizia “camada”, “buraco na camada” e coisas afins. Eles já sabiam que a variação do ozônio é extremada. De uma hora para outra verificava-se variação de 1000% (mil) nas concentrações do gás, dada a sua alta reação. Ao mesmo tempo, deve-se ressaltar que o gás só é produzido com a ação da radiação ultravioleta da banda C. Sem luz, sem ozônio. Simples assim. Desta forma, nas partes polares, a sua baixa concentração verificada na saída dos respectivos invernos é dada pela ausência de luz solar e não por causa de CFCs ou coisas do gênero. As diferenças marcantes entre os hemisférios da Terra fizeram com que as anomalias sobre o pólo Sul fossem mais acentuadas do que as verificadas no pólo Norte. Os cientistas sempre souberam disto.

P: Você acha que o aquecimento global pode ser um factóide criado por interesses políticos e econômicos para evitar a verdadeira discussão que seriam as questões ligadas á responsabilidade social, como melhoria da qualidade de vida das populações, a poluição dos mares, enfim o descarte da quantidade crescente de lixo, que uma economia movida pelo consumo produz?

Resp.: Sem dúvida. Desvia-se o foco dos nossos verdadeiros problemas para uma coisa sem fundamento. Ao invés de usarmos os nossos melhores recursos financeiros e humanos na resolução e discussão de problemas como saneamento, saúde, educação e criação de resiliência humana frente às adversidades, perdemos tempo em uma fantasia que só tende a agravar a situação atual.