terça-feira, 17 de setembro de 2013

A origem dos continentes e dos oceanos: "A inexistência das placas tectônicas"

Newton Monteiro de Campos Junior


Este artigo propõe algo diferente, que a origem dos continentes e dos oceanos – posição atual dos mesmos – ocorreu pela explosão da crosta granítica, em função das atrações gravitacionais. O Geógrafo Newton Jr. discorre ao longo do texto observações que indicam a inexistência das placas tectônicas e da deriva continental.


Consideremos, a priori, que Terra e Lua tenham sido formados há uns 4.500 milhões de anos, pela acreção sucessiva de material que orbitava o Sol. A densidade e estrutura de Terra e Lua era similar à dos demais planetas internos (Mercúrio, Vênus, Marte). O calor gerado pelos choques levou estes corpos a experimentar tais temperaturas que permitiu que ocorresse uma diferenciação parcial de seu interior. De modo similar ao observado na diferenciação na siderurgia, a crosta terrestre era formada por uma camada silicática, cerâmica, refratária. Era como a crosta continental atual, mas que cobria 100% do planeta.
Lua e Terra giram em torno do centro de massa do sistema Terra-Lua. O calor do interior da Terra tentava escapar, mas a crosta cerâmica, refratária ao calor, produziu uma região super aquecida. Esta região subcrustal, super aquecida, forma uma camada liquefeita de magma: a descontinuidade de Mohorovicic ou Moho. A Moho implica num grau de liberdade à crosta, como a de nossa pele em nosso corpo. A pele pode enrugar-se e mover-se, com bastante independência em relação aos músculos e ossos.
O início do Cambriano, há uns 540 milhões de anos, foi marcado pela chegada de um cometa (ver ilustração 1), vindo do cinturão de Kuiper e composto por água e amônia, mistura cujo ponto de solidificação está a cerca de 100ºC negativos. Com a aproximação do centro do Sistema e do calor do Sol, o cometa foi ficando menos duro, mais liquefeito. Por isso o impacto foi muito mais ameno do que o de um corpo rígido.

 Ilustração 1 - Toda a água da Terra pode ser representada numa esfera com entre 380 e 670 km de raio, dependendo da estimativa. Fonte: Jack Cook, Woods Hole Oceanographic Institution; USGS.

A vida, na forma de bactérias, pode ter vindo submersa nessa “espaçonave cometa”, e isso se mostra indicado pela explosão da vida ocorrida então. Quanto ao resultado desse impacto para nosso planeta, podemos até dizer que a explosão da vida no Cambriano foi mais violenta do que o impacto físico em si. Em 15 milhões de anos formaram-se todos os reinos existentes até hoje.
Com a tendência natural ao equilíbrio – e ao equilíbrio dinâmico –, a quase totalidade da crosta ficou coberta por uma película de água, com cerca de 3 km de profundidade. As exceções ficaram por conta dos muitos vulcões elevados por todo o planeta.
Como quase toda a crosta estava submersa, todos os continentes estiveram abaixo do grande oceano, como constatamos pela presença dos fósseis marinhos em todos eles. Essa pouca água foi suficiente para mudar o regime de resfriamento do planeta: um novo gradiente de temperatura na crosta. A crosta trocava calor e resfriava mais rápido que o interior.
A evaporação da água e da amônia criaram uma atmosfera rica em água e nitrogênio. Com o passar do tempo, esse oceano foi se tornando um pouco salgado, pela dissolução de substâncias da crosta continental hegemônica – agora submersa. A salinidade das células, ainda hoje, deve ser compatível com a salinidade oceânica de então. A vida que proliferava foi, aos poucos, enriquecendo nossa atmosfera também com oxigênio e, a partir desse, com nossa protetora camada de ozônio.
A pequena agregação de massa, pela acreção do cometa à Terra, implicou no desequilíbrio nas forças gravitacionais do conjunto Terra-Lua. A Lua passou a aproximar-se da Terra em movimento espiral convergente. Essa aproximação continuou até o final do Permiano – fim do Paleozóico, há uns 250 milhões de anos. No Permo-Triássico, o aumento da força gravitacional provocou uma extinção em massa de plantas e animais. Nesta extinção, até os insetos e trilobitas desapareceram.
Um imenso volume de substâncias orgânicas começou a depositar-se no fundo oceânico. Com a contínua aproximação lunar, antes mesmo da oxidação dos restos orgânicos, o aumento das marés gravitacionais rompeu a crosta silicática subaquática, criando imensas rachaduras – rifts. As águas escorreram para estas rachaduras e carregaram os restos orgânicos, que entraram em contato com o magma.
Por sobre a matéria orgânica cozida, com a evaporação da água, depositou-se o sal que estava contido nos oceanos. Por sobre esse sal, os fragmentos resultantes da continuidade do rifteamento da crosta terrestre. As estruturas formadas nesse evento são as plataformas continentais atuais (ver ilustração 2). A cadeia meso-atlântica marca a posição de um desses rifts.

Ilustração 2 - A estrutura da plataforma continental. Ilustração de Newton M. Campos Jr.


A Lua, ainda em sua órbita espiral convergente, continuava a aumentar sua velocidade de translação em direção ao centro de massa do conjunto Terra-Lua. Depois de alguns milhões de anos, ao final do Triássico, antes que a Lua explodisse pelas forças gravitacionais (Limite de Roche), a ruptura aconteceu no elo mais fraco. Foi a crosta terrestre que explodiu, em função de seu rifteamento e da descontinuidade subcrustal de Moho.
Houve uma nova extinção da vida em massa. A Lua não chegou a chocar-se, pois a velocidade lunar, a perda de massa terrestre e a conservação do momento fizeram com que a Lua passasse a uma órbita espiral divergente.
Com a explosão da crosta, as partes tomaram caminhos diferentes. Uma terça parte, que estava no lado contrário ao da atração no momento da explosão, se manteve grudada ao planeta – Pangea – mas seus pedaços se dispersaram de acordo com os rifts pré-existentes e de modo a manter o equilíbrio dinâmico planetário. A crosta explodiu como se tirássemos um pano que cobria uma bola. Esse pano foi puxado a partir de um ponto antipodal à meso Atlântica. África e América ficaram equidistantes da meso Atlântica. O paleomagnetismo nos confirma as rotações das partes continentais – em acordo com o Teorema de Euler[1].
Com a exposição de cerca de 50% do manto, as águas voltaram a evaporar-se.
Uma outra parte da crosta ainda pode ser vista como ofiolitos (pedaços de fundos oceânicos sobre os continentes) ou como loess (poeira do rompimento da crosta). Algumas partes da antiga crosta continental (silicática, refratária ao calor) foram enfiadas no manto, sendo detectáveis nas recentes tomografias do planeta. Algumas bordas do Pangea se elevaram por rebote elástico ou torção, gerando glaucofanos e xistos azuis. Formaram-se bacias à retaguarda das cordilheiras do Pacífico, e nessas bacias se depositou parte da poeira (loess) gerada. Por mais que não possamos datar formas, como nos lembra Jurandyr[2], em se tratando de um mesmo evento no tempo, as cordilheiras do Pacífico possuem a mesma idade que os fundos oceânicos. Por baixo destas cordilheiras elevadas na explosão gravitacional, formaram-se os batólitos. Essas intrusões magmáticas que não pressionaram as montanhas acima; apenas ocuparam o espaço que ficou por baixo delas.

Ilustração 3 - As montanhas da Ásia Central. 
Imagem tomada de http://davidderrick.wordpress.com/category/maps/maps-of-central-asia/.


A crosta asiática foi arremessada sobre a Índia. Formam-se Himalaya e Tian Shan (ilustração 3). A explosão também resultou em partes dispersas com crosta continental, como as ilhas Seychelles, ou como a elevação do Rio Grande, em meio ao Atlântico Sul.
Os oceanos voltaram a formar-se – com água doce – pois o sal depositou-se com a total evaporação dos oceanos anteriores. Podemos considerar que a cicatrização do oceano Pacífico, em virtude de sua dimensão, foi como uma cicatrização de dentro para fora (cicatrização de 2ª intenção). No Atlântico a cicatrização ocorreu de fora para dentro.


Ilustração 4 - Padrão zebrado no resfriamento de assoalho oceânico. Ilustração de Newton M. Campos Jr.

O magnetismo remanente identificado nas perfurações de fundo oceânico, com inversões sucessivas no aprofundamento, indica-nos um padrão de resfriamento – não de gênese – dessa nova crosta oceânica.
Simultaneamente com o afastamento, a Lua foi recoberta por estilhaços e poeira silicática – parte da crosta pulverizada ou em pedaços que arrastou da Terra. Quando recolhemos material na Lua, encontramos material similar ao da crosta terrestre. Isso incluiu alguma água, já constatada como isotopicamente similar à da Terra[3]. A Lua recebeu acreção desse material prioritariamente silicático enquanto se afastava. O material cobriu a Lua de forma irregular, provocando suas variações gravitacionais e deixando sua densidade menor que a dos planetas internos. Com a acreção, o raio lunar foi aumentado em 300 km, passando à dimensão atual.
Os choques dos estilhaços provocaram milhares de crateras na superfície lunar. A diferença entre o volume de crateras na Lua e na Terra advém da perda de 2/3 da crosta terrestre, eliminando crateras antigas, e da quantidade de crateras provocadas por essa recente acreção lunar.
A cadeia meso-atlântica indica-nos o perfil da separação entre África e América. Este segundo evento acontece quando as plataformas continentais já estavam parcialmente formadas em virtude do rifteamento ocorrido no evento anteriormente descrito.
O relevo subaéreo se altera mais rápido do que o relevo submarino. De um modo geral, o relevo dos continentes preservou-se mais durante o Paleozóico (submarino) do que no Mesozóico (subaéreo). Por isso, a razão isotópica do Sr foi maior no Mesozóico do que no Paleozóico.
Nos oceanos proliferaram, desde o início do Mesozóico, os ostracodes de água doce. Na Terra, as chuvas litificaram, ou lavaram e arrastaram os depósitos de loess – que se transformaram em silte e argila. Onde a pluviosidade ou o gradiente gravitacional eram pequenos, os depósitos de loess se mantiveram.


Ilustração 5 – Mapa histórico de Maton Pecsi (1991) mostrando a ocorrência de depósitos de loess (1-preto) e sedimento similar (2-cinza). Fonte: http://pages-142.unibe.ch/science/adom/goals.html.

Por volta do Aptiano, há uns 135 milhões de anos, os oceanos já dispunham de uma salinidade tal que foi provocando a extinção dos ostracodes de água doce e levando ao domínio dos ostracodes de água salgada. A salinidade atual dos oceanos é compatível com uma salinização provocada pelo deságue dos rios por 250 milhões de anos.
Melhor do que geoide, poderíamos definir o formato do planeta como um ovoide, com um bico de cerca de 1 metro de altura, que percorre a crosta de acordo com a resultante das atrações gravitacionais, principalmente do sistema Lua (2/3 das forças de atração) e Sol (1/3 da atração).
Essa maré terrestre se apresenta como uma crosta pulsante. Ela não pode ser identificada pelo GPS em virtude desses equipamentos não medirem distância[4] e de serem referenciados ao centro de massa (CM) da Terra.
O GPS consegue calcular com muita precisão as distâncias entre um ponto e outro na crosta, mas tem por referencial o CM da Terra. Cada vez que a crosta se move, o sistema se reposiciona. Assim como uma régua não pode medir sua própria dilatação, o GPS não consegue medir movimentos que afetem o CM da Terra. A crosta se move todo o tempo – vemos tais movimentos nas marés. As marés que afetam os oceanos, também afetam a crosta. Assim como o GPS não consegue medir a subida e baixada da crosta todos os dias, duas vezes ao dia, não consegue medir a distância entre dois continentes entre dois anos.
Os terremotos ocorrem principalmente nas áreas de maior fragilidade da crosta. No caso do oceano Pacífico – e sua cicatrização de 2ª intenção, de dentro para fora – a água que penetra por fissuras nessas áreas de fragilidade acabam por gerar solução e desabamento de arenitos e loesitos. Quando este desabamento afeta o fundo oceânico, um grande tsunami se forma. É o que temos assistido na sociedade dos espetáculos televisivos. Sobre o quê falavam os jornais imediatamente antes ou depois do grande tsunami que agrediu a costa japonesa há 2 anos? Uma anormal aproximação lunar[5] – a qual pode ter sido o gatilho do desabamento.

O trabalho completo, da conclusão de minha graduação em Geografia, pode ser acessado em http://www.crieseuanuncio.com.br/arquivos/Newton/TGIOrigemContinentes.pdf. São 50 páginas de história, 50 de justificativas, e 10 páginas com a minha tese, reescrita acima.
Já levo mais de 5 anos nesta tarefa e não tenho data para terminar. Cada dia mais radiante, já que as descobertas recentes tendem para meu lado – contra a tal tectônica de placas. Quando me perguntam a razão por eu não acreditar na tectônica de placas, sou direto: – Não acredito em virtude da inexistência de placas. Observem os mapas. Existem ridges, existem fossas oceânicas, e existem pontilhados nos mapas, interligando uns e outros. Sem esses pontilhados, as placas não existem. Ou seja, as placas existentes nos mapas não condizem com a realidade do planeta.

Dúvidas e críticas serão mais que benvindas.
Newton Monteiro de Campos Junior
USP 5403523



[1] Em geometria, o Teorema da rotação de Euler diz que, num espaço tridimensional, qualquer movimento de um sólido rígido que mantenha um ponto constante, também deve deixar constante um eixo completo. Isso também quer dizer que qualquer composição de rotações sobre um sólido rígido com eixos arbitrários é equivalente a uma só rotação sobre um novo eixo, chamado Pólo de Euler.
[2] Doutor Jurandyr Ross, professor de geomorfologia no Departamento de Geografia da FFLCH-USP.
[3]  Ver http://www.nature.com/news/common-source-for-earth-and-moon-water-1.12963.
[4] O sistema GPS é baseado em medição de tempo, por relógios atômicos de grande precisão. As distâncias são calculadas e ajustadas de acordo com outros satélites e referenciais (Datum) na crosta do planeta.
[5] Ver http://newswatch.nationalgeographic.com/2011/03/23/sizing-up-the-supermoon/.